Jorginho chega com discurso firme e assegura que está
preparado para assumir o Flamengo. Apesar da pouca bagagem como treinador – o
Rubro-Negro é apenas o seu quinto clube -, tem a passagem pela seleção
brasileira como parâmetro e maior escola. De 2006 a 2010, foi auxiliar do amigo
Dunga. O Brasil caiu nas quartas de final da Copa do Mundo da África do Sul, e
a dupla se viu cercada de críticas, principalmente pela forma como se portou em
episódios polêmicos.
O ex-lateral inicia um trabalho cujo principal foco é
estruturar uma equipe que passou por reformulações importantes com a chegada da
nova diretoria. A reboque do desafio principal, o novo comandante tem metas
paralelas, que envolvem o crescimento de atletas saídos das categorias de base,
a mescla de experiência e juventude, o rendimento dos reforços e definição de
um padrão de jogo.
Jorginho assume o leme rubro-negro com o time em
situação instável no Carioca. Depois de fazer a melhor campanha da Taça
Guanabara, foram dois duros golpes: eliminação na semifinal e derrota para o
Resende na estreia do time na Taça Rio. O tetracampeão terá seis partidas para
levar o Rubro-Negro à semifinal do returno: Boavista, Bangu, Audax, Duque de
Caxias, Fluminense e Macaé.
A largada será importante, porque fundamental é manter
a chance de título do Carioca. Paralelamente, Jorginho terá que pensar em nomes
que possam suprir as carências do grupo, mas que só chegarão depois do
estadual. Com contrato até o fim de 2014, Jorginho terá que cumprir objetivos a
curto, médio e longo prazo. Dez deles são listados abaixo pelo
GLOBOESPORTE.COM.
Ir à final da Taça Rio - a queda na semifinal da Taça
Guanabara deixou jogadores e torcedores frustrados, já que o time surpreendeu
ao ser o melhor da fase classificatória. Jorginho assume com a missão de
conduzir o time novamente aos jogos decisivos e evitar que, pelo segundo ano
seguido, o Flamengo fique fora das duas decisões de turno.
Entrosamento rápido com o grupo - o técnico disse que
conhece a maioria dos jogadores do elenco, vinha acompanhando as partidas do
time, mas quer se aproximar de cada atleta o mais rápido possível para saber o
que pode esperar deles. Jorginho terá de agir o mais depressa possível e fazer
com que o grupo assimile sua filosofia de trabalho.
Fazer o time jogar sob pressão - dono da melhor
campanha da primeira fase da Taça Guanabara, o Flamengo de 2013 deixou evidente
a dificuldade de jogar em situações de pressão nas derrotas para Botafogo e
Resende. Nas duas únicas vezes em que esteve atrás no placar no ano, a equipe se
desesperou e não demonstrou poder de reação. Em ambos os casos, apelou para
bolas aéreas e, de forma desorganizada, pouco assustou os adversários.
Consolidar apostas da base - campeão da Copa São Paulo
de Futebol Júnior de 2011, o Flamengo tem uma geração de novos talentos
promissora, mas que não consegue se firmar entre os profissionais. Se nomes
como Negueba e os gêmeos Anderson e Alex seguiram outros rumos, ainda há
esperança na afirmação de Rafinha, Thomás, Adryan, Rodolfo, entre outros. O
primeiro, por sinal, vive fase de questionamentos após início avassalador e
começa a ser questionado. Wellington Nem, eleito revelação do Brasileirão 2011
sob comando de Jorginho, no Figueirense, é exemplo a ser seguido.
Variação tática - com um 4-3-3 pautado na velocidade de
Rafinha e nos contra-ataques, o Flamengo pouco criou diante de equipes bem
postadas defensivamente. Em vantagem no placar, Botafogo e Resende não deram
espaços na defesa e não tiveram muita dificuldade para administrarem as
partidas diante do Rubro-Negro. Na chegada, ele disse que é adepto do 4-2-3-1.
Fazer Carlos Eduardo render - o camisa 10 disputou três
partidas como titular sob o comando de Dorival Júnior e não conseguiu se
destacar. Contra o Resende, o ex-técnico o colocou no banco. O meia-atacante
entrou no segundo tempo e se esforçou, mas ainda está fora do ritmo ideal.
Contratado para ser um dos condutores do time, Carlos Eduardo ainda não vingou.
Dar estabilidade
à defesa - depois de conseguir ser a
melhor da Taça Guanabara, a defesa rubro-negra começa a Taça Rio pressionada. O
desempenho contra Botafogo e Resende mudou o cenário e começou a gerar
questionamentos sobre a dupla ideal. Alex Silva e González foram titulares no
último jogo de Dorival, mas Wallace e Renato Santos brigam por um lugar. Os
jovens Frauches e Fernando também estão no grupo.
Ter empatia com a torcida - Jorginho chega ao Flamengo
com bom respaldo da torcida, mas sem grande margem para erros. Afinal, Dorival
Júnior foi questionado durante todo o segundo semestre do ano passado e depois
da eliminação na Taça Guanabara. É por isso que os primeiros jogos são tão
importantes. Se engatar uma sequência de vitórias em um período que inclui o
clássico com o Fluminense, ele dará um grande passo para ter a parceria das
arquibancadas. Conta a favor de Jorginho o fato de ter sido jogador do
Flamengo. Ele conquistou o Carioca de 86 e o Brasileiro de 87.
Incentivar a integração profissional-base -
recém-chegado de um período de estágio no Real Madrid e no Barcelona, o
treinador contou que ficou encantado com o que viu principalmente no clube
catalão. O mesmo estilo de jogo do time de cima é implantado desde as
categorias mais baixas. Jorginho espera ajudar a tornar esta filosofia uma
realidade no Flamengo.
Cumprir contrato até o fim - logo em sua primeira
entrevista coletiva, Jorginho disse que chega ao Flamengo com um contrato de
dois anos, mas que acredita que a passagem pelo clube não terminará por aí.
Trabalhos longos, no entanto, não são nada comuns no clube, que teve seis técnicos
desde 2010. O último a ficar mais tempo foi Vanderlei Luxemburgo, de outubro de
2010 a fevereiro de 2012.
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